10 de janeiro de 2006

Portugal que Futuro?


Haverá futuro para este país e para nós portugueses?
"Futuro" em Portugal é um conceito sem qualquer significado para os portugueses, ao contrário do conceito de " Saudade" que efectivamente nos define.
Um dos problemas que nos vem atormentando é talvez este, e felizmente não sou o único a ter esta percepção. Não é por acaso que Portugal se encontra numa crise há muito, não falo da actual crise ligada a factores económicos, mas sim da verdadeira crise que vivemos há muito tempo, aliás talvez desde o nascimento de Portugal. Poderei parecer estar a ser um pouco pessimista e falso nestas declarações, mas não, e passo a dar a minha percepção sobre o tema.
Portugal nasceu da força de vontade de um punhado de Homens que acreditava neste país e num Futuro para este povo. Somos um dos países mais antigos do mundo. Mas desde a concepção deste país que andamos um pouco à deriva, somos um povo que nunca chegou a ser "educado", nunca fomos trabalhados para exercer um papel na Vida. Apenas houve uma época na nossa história em que algo se fez para inverter esse facto. Refiro-me aos Descobrimentos, uma época em que algo foi planeado e houve uma tentativa de educar os portugueses para desempenharem o seu papel. E conseguimos de facto desempenha-lo com alguma destreza, por pouco tempo é certo. Foi também nesta altura que surgiu um conceito novo e que agora nos define a "Saudade".
O surgimento da "Saudade" foi crucial na história do nosso país e do nosso povo. Apareceu numa altura em que estávamos virados para o Futuro, para a descoberta, e isso alterou por completo o rumo do nosso país. Perdemos quase por completo a noção de Futuro, que nos tinha sido ensinada a grande custo, e agarramo-nos à Saudade.
Pode portanto dizer-se que a nossa relação com o Futuro foi cortada praticamente à nascença. O conceito de “Futuro” desaparecera com a mesma fugacidade com que havia aparecido, deixava de existir “Futuro” neste país.
“Saudade” é precisamente o Contrário de “Futuro”. “Futuro” é o tempo que há-de vir, “Saudade” é mágoa das pessoas ausentes, mas também nostalgia do que passou. A diferença entre estes dois conceitos é na essência o que nos define hoje como portugueses.
Fomos continuamente adormecidos ao longo dos tempos, e ainda o continuamos, o desejo do passado aniquila por completo o Futuro do nosso povo, deixando apenas um pequeno espaço para um presente medíocre. Nunca sairemos desta crise enquanto não tomarmos verdadeira consciência do Futuro. Já no séc. XIX Eça de Queirós tomara consciência da crise que Portugal vivia, e escrevera sobre ela. Contudo passados mais de cem anos continuamos na mesma, um país de corruptos, uma sociedade decadente, tudo continua na mesma, pior ainda, nada fazemos para inverter esta situação. Vivemos aprisionados num presente apenas com passado, sem Futuro.
Factos históricos e políticos vieram adensar ainda mais esta crise. Vivemos recentemente várias décadas sob uma ditadura rudimentar, uma ditadura diferente de todas as outras vividas na Europa. Todas as ditaduras são repugnáveis, mas a nossa ditadura, a ditadura Salazarista, foi o completo assassínio de um país. Foi uma ditadura baseada no medo, uma ditadura sem objectivos, como aliás o são todas as outras. Esta foi uma ditadura católica onde se inventaram milagres, que se mantêm até hoje, e que estão para durar. O pior que nos podia ter acontecido aconteceu, tivemos um líder à imagem de um povo, um povo sem aspirações sem horizontes, um povo de sobrevivência. Um ditador com uma esperteza rudimentar, tão típica dos portugueses, que nos salvou de uma crise económica em apenas alguns anos, mas em contrapartida esmagou o desenvolvimento de um povo, tanto a nível económico como a nível cultural e social. Salvou-nos do défice. E agora passados 30 anos que importância tem esse facto? Pensaria o nosso ditadorzinho no Futuro? Quem esta a pagar esses luxos do presente dentão somos nós, que antes éramos Futuro, agora Presente, e depois seremos Passado.
È necessário mudar essa concepção temporal que hoje se encontra invertida e deturpada, primeiro pensamos no passado e depois no presente, quanto ao Futuro, Futuro??? Quando devia ser precisamente ao contrário
O que querem esses políticos, que se apresentam como salvadores do povo? Será Fátima Felgueiras, com nome de santa, uma salvadora? Isaltino Morais será um defensor do povo? E até temos Majores a frente do povo, não acabara já a ditadura na Europa? Ao que parece ainda não pois, continuamos a ter João Jardim a comandar a Madeira. Todos estes políticos, e não só políticos, continuam ao leme da nação, apenas porque nós queremos. Estas pessoas ocupam lugares de grande importância no país não pelo povo nem pelos interesses do país, mas sim por si mesmas, pelo seu bem-estar e protagonismo. Contudo o povo parece querer continuar a viver neste vício, em troca de benefícios, que não passam de migalhas. Trocar o Futuro por um presente miserável….
Os nossos horizontes são limitadíssimos, não há projectos para este país. Contudo sobrevivemos, e nisso de sobreviver somos mestres. O que será Portugal daqui a cem anos, um país industrializado, um país culto, qual será o nosso rumo?
Sobreviveremos, disso tenho a certeza

1 comentário:

Lebre disse...

Portugal para evoluir precisa, mesmo, de criar riqueza mental e de algo que o suporte. Certamente não será nenhum político nem NINGUÉM!!! Apenas todos o podem fazer, com pessoas que pensem, que tenham ideias novas. As proximas eleições presidenciais são a verdadeira imagem negativa de Portugal: velho, sem ideias novas e renovadoras, e à espera que venha um D. Sebastião.
Não nos podemos agarrar ao passado para se encontrar um futuro