13 de março de 2006

Realidade Paradoxal


África é o continente dos sonhos, puro e lindo, d’onde todos nós pertencemos….
E esta coisa da realidade africana e do problema africano é tudo criação nossa, da civilização, não haveria problema se nós civilizados não nos metêssemos nos problemas deles. A civilização como a conhecemos hoje nasceu na mesopotâmia, e não foi por acaso, pois como se pensa o ser humano “apareceu” em Africa e foi-se deslocando para norte onde encontrou condições favoráveis para criar uma civilização, um espaço comunitário com leis/regras que abrangiam mais pessoas. Evoluindo depois o modelo civilizacional e “exportado” para a Europa e daí para o mundo novo. E porque não surgiu a civilização em África? Montes de possibilidades…. eu penso que não surgiu porque não era necessária.
Para quê iam eles querem adoptar um modelo de civilização? Têm tudo o que precisam para serem felizes….
Para que querem em África carros, engenheiros, mecânicos, médicos, economistas? Nós queremos que eles tenham tudo isso e sejam iguais a nós, quando no fundo são diferentes. Para que queria eu carro, computador, telemóvel e todas essas bugigangas se vivesse em africa? Um clima maravilhoso, família, uma cabana, alegria e uma terra em que basta deitar uma semente à terra para colher o meu alimento, isto é o que eles têm e nós não….
Mas realidade em africa hoje em dia é bem diferente, pois já tiveram de levar connosco uma data de tempo e não ficaram imunes a isso, tentamos domestica-los, mas da pior forma (se é que existe uma boa maneira para domesticar!). Com tudo o que lhes ensinamos não podemos ficar espantados com a realidade africana… O problema fomos nós quem o criou, e a solução?

7 comentários:

Anónimo disse...

Concordo parcialmente com o teu comentário. Penso que grande parte dos problemas africanos podem ter sido criados pelos povos industrializados, mas nem todos.
Penso que embora humanisticamente estejas correctíssimo ;) ou quase :p
A verdade é que pra mim a "questão africana" não é assim tão linear.
O facto de escrevermos sobre o assunto alguma coisa terá haver. Se falássemos sobre os nórdicos, não falariamos da mesma maneira.
As vezes temos de por a nossa costela humanitária de parte por mais que isso nos custe.
Em África existem, sempre existiram e existirão guerras civis, tal como na Europa ou noutro sítio do mundo.
Se existe uma ajuda huminitária acho que ela deve ser empregue seja na Guiné, New Orleans, China, etc...
A questão aqui é que África, por ser uma civilização diferente da nossa, não consegue compreender essa ajuda. É bem verdade que essa ajuda é muito mal feita, mas penso que sempre é ajuda.
Se há tantos mutilados, esfomeados, entre outros, não me digam que vivem bem.
Basta dizer pouca gente tem água potável e isso é um problema de sobrevivência.
Claro que nos ocidentais e americanos sempre tivemos a mania de impor a nossa cultura, mas se todos cedermos um pouco, será mais fácil.
Porque afinal esta-se a falar aqui de um problema se sobrevivência.
Nós precisamos de ajuda humanitária deles tanto como eles precisam da nossa.
Talvez eles precisem mais...não sei. Mas acho que sem água potável e sem métodos contraceptivos as doenças propagam-se e uma civilizãção poe acabar.

Meireles Ricardo disse...

Concordo plenamente com a tua opinião, e não disse nada em contrário.
O que penso é que devemos reflectir bem o problema de África, talvez não baste enviar medicamentos, ajuda humanitaria, e comida, é perciso nós 1º mundistas pensarmos profundamente na "questão". Está-se a brincar com África penso. Porque doará o Bill Gates uns tostões a África (ah e tal, parece bem...), e porque aparecem sempre as campanhas humanitárias para ajudar África nos telejornais, está-se a fazer uma propaganda a África como sendo um continente pobrezinho e coitadinho, ao qual nós do primeiro mundo dámos uma ajuda de vez em quando. Quando na verdade o que acontece é que nos estamos a aproveitar deles, um continente selvagem novinho em folha onde temos muito para explorar. E que até nos dá jeito, para fazermos passar uma imagem de bonzinhos.
Entra lá uma marca de automóveis como a toyota, mete la uns carros depois roubam carros, vao os Americanos e os Russos e metem lá umas aramas, e depois há milhares de crianças soldado e milhões de mutilados...
Não digo que depois de o mal feito se abandone o problema, e tenho apreço pelas pessoas que voluntáriamente ajudam o povo africano, mas penso é que deveriamos olhar para aquele continente com outros olhos, vê-los como Homo sapiens, não como australopithecus

lettersbasedlifeform disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lebre disse...

Bem isso de felicidade é muito relativo. A felicidade tipo "Tarzan" é possível! Uma pessoa rica é mais feliz do que uma pobre? E uma pessoa considera-se rica quando tem tudo o que quer. Se eu tenho ambição de ter um carro e o tenho então sou rico.

Meireles Ricardo disse...

Agradeço-te de bom grado amigo Tó o facto de teres deixado a tua contra-opinião, penso que toda a gente é feliz por dizer o que pensa, por isso penso que foste feliz no comment que publicaste.
Quanto à realidade africana é cérto que não possuo a mais vasta informação, visto também que estamos a falar de um continente muito vasto. E também sei que generalizei bastante a riqueza africana. O que quis dizer, e tu vieste confirmar, é que nao devemos ser demasiado intrevencionistas com o povo africano, como tu mesmo mencionaste na guiné e em todo o continente africano há "tribos" que nunca chegaram sequer a ter conhecimento dos ocidentais. E sem querer estar a ser utópico ou irónico, o que é realidade é que essas tribos têm a sua cultura e com os seus problemas vivem a sua vida. É certo que a ajuda humanitária faça bastante falta aqules povos, o que penso é que não os deviamos inferiorizar em relação a nós. Porque o que realmente está a ser feito em áfrica é o executar um povo, "Chegamos nós os ocidentais, e vemos lá uma cambada de pretos descalços lá nas cabanas a viverem à sua maneira, e pensamos, oh coitadinhos andam descalços nao têm condições temos de fazer algo por eles, e mandamos pra lá uns homens de negócio para fazer aquilo andar..." mas eu pergunto, quem tem de querer alguma coisa são eles nativos daquele continente, ou nós ocidentais? Estamos de tal forma e há tanto tempo a tentar domesticar aquele continente, que tudo o que tem vindo a ser feito naquele continente só demonstra o quão incorrectos estamos a ser...

Francisco S. disse...

Chego assim a dura conclusão depois do que li: África continua a precisar de nós como nós precisamos deles. Às vezes é bom as pessoas defenderem a sua posição de uma forma vincada, pois só assim surgem novas ideias.
O que é facto é que os Africanos sem a nossa ajuda humanitária e económica vão-se abaixo. E consigo levam um país, o deles.
A minha posição pode parecer extrema, mas se os problemas existem não podemos fantasia-los, pois assim estamos a ser incosocientes. Por vezes uma pessoa tem que saber assumir que está "mais a frente que outra".
Se tu és "culto", estás mais à frente do que um "não culto"?
É óbvio. As decisões mais reais, mais objectivas, mais sensatas são tomadas pelos "cultos".
O problema é que muitos "cultos" da actualidade não o são. São "não cultos" disfarçados de "cultos".
E a maoria desses "não cultos" estão à frente de agências humanitárias, hospitais, escolas,...
Considero os "africanos puros" nem "cultos" nem "não cultos". Porque nunca tiveram o acesso a essa palavra,ou seja, não são mais espertos nem mais burros do que nós. Digamos que se existem doenças mortais, variações temporais grotescas, fome, entre outros, África precisa de "update humanitário" efectuado por "cultos". Porque o mundo está sempre a mudar (um dia podemos precisar nós deles).
A verdade é esta: por vezes nós temos que perceber que podemos ajudar os outros de uma forma real, basta quere-lo e fazer com que todos percebam isso.
Se estamos constantemente a deitar a culpa para o céu e a cuspir para o chão, não podemos falar de barriga cheia.

Meireles Ricardo disse...

Não concordo com a tua opinião apenas num ponto Chico.
Quando dizes "nós somos cultos", estás a ser injusto, cada povo tem a sua cultura e não há "cultos" nem "não cultos", existem diversas culturas e não uma cultura. O que acho e já o referi, é que não devemos impor nada a nenhum povo, e não estou a atirar o problema para trás das costas. Cada povo tem a sua cultura e VIVE à sua maneira, e não é impondo que vamos ajudar, até porque para nós o que seja ajudar para eles poderá ser o contrário. É necessário ter bem presente o conceito de multi-culturalidade, o que muitas vezes é esquecido por nós, e muitas vezes desrespeitado. Quando me refiro aos pretos como “coitadinhos” é uma forma de ironizar o conceito que ainda persiste na nossa sociedade, o qual inconscientemente talvez eu também possua. Este facto para mim é um ponto fundamental no problema, é que sempre olhamos para os africanos como seres inferiores e sempre os tentamos domesticar, quando eles são é diferentes, possuem uma cultura realmente diferente da nossa. E nós pensando estar a ajudar estamos pelo contrário a prejudicar, porque mesmo sem ser esse o nosso pensamento estamos a impor aspectos culturais ao seu povo. Não quero de forma alguma “cuspir para o chão”, acho é que estamos a ser demasiado intervencionistas, como a mãe galinha que protege o seu filho e quando ele quer andar não pode porque ficou atrofiado.
O que penso que deve ser feito é um repensar do problema africano, pois já temos o resultado da nossa “ajuda” àquele continente…