12 de dezembro de 2009

Lista M à A.A.U.T.A.D.

No seguimento do post anterior, "?", e para esclarecer os leitores, queria deixar explicito que não era minha intenção fazer referência às eleições na Associação Académica de Vila Real (A.A.U.T.A.D.), pelo menos antes de elas se realizarem. Contudo e após o meu amigo Chico trazer à baila essa questão sinto-me na obrigação de esclarecer os leitores.
A lista M candidata-se à associação Académica de Vila Real indo a votos, conjuntamente com mais duas listas, no próximo dia quinze. Não era minha intenção publicitar a lista M neste espaço, mas dada a situação publicarei aqui o manifesto da Lista à qual pertenço.


Manifesto
O estado actual do ensino superior está insustentável, as universidades estão em ruptura financeira, o governo desresponsabiliza-se pelo financiamento das mesmas e intensifica o processo de privatização. Empresários entram para os órgãos de gestão e os estudantes começam a perder presença. Os preços das cantinas e autocarros aumentam enquanto as bolsas começam a ser substituídas por empréstimos bancários. Basta de políticas do governo que premiam a má gestão dos banqueiros com milhões e estrangulam financeiramente as universidades.

A AAUTAD deve ser o representante dos estudantes, deve ser quem luta pelos nossos interesses a qualquer custo. Quando o ensino superior sofre ataques brutais como Bolonha, o RJIES e os cortes orçamentais, a posição da AAUTAD tem de ser rígida e em prol da defesa do ensino superior.

A luta pelos nossos direitos não se pode resumir a cartas e conversas com ministros. Temos de mostrar ao governo que temos uma palavra a dizer sobre o ensino e não nos calaremos na defesa do ensino público, universal, gratuito e democrático. A AAUTAD tem de ser o motor do movimento estudantil, tem de promover uma universidade que é muito mais do que um lugar de consumo, um centro de aquisição de saber por um preço. A Universidade pode e deve ser um local diferente, um local criador por excelência que está inserido num meio social. A intervenção cívica dos estudante na academia e na sociedade é fundamental para desempenhar o papel de sujeitos e não meros objectos na realidade.

Compreendemos que a formação cívica e humana dos estudantes passa, invariavelmente, por uma dialéctica entre os agentes da sociedade, urge assumir o nosso papel, não só na vida académica, mas também na vida da cidade, do país e muitas vezes do mundo. Os estudantes podem e devem dar o seu contributo, quer sob a forma de opinião crítica, quer em acções concretas, projectos e trabalho realizado. Repudiamos a progressiva privatização que se tem vindo a assistir no ensino e a falta de democracia que grassa na Universidade. Cada vez mais é difícil realizar um debate ou colocar uma simples faixa dentro das “paredes” do local onde estudamos. A reitoria tem tomado um papel activo neste processo seguindo o “bom” exemplo do governo. A liberdade de expressão tem vindo a ser sonegada constantemente aos estudantes e queremo-la de volta.

A vida académica passa, inegavelmente, por uma componente lúdica que complete a formação e experiência de vida e enriqueça culturalmente. Neste plano queremos travar a fraca oferta da actual Direcção, que tende a ser sempre menos. As actividades promovidas pela mesma carecem de diversidade e passam por ser apenas espaços de consumo. Pensamos que devemos promover mais a criação, apostar em espaços onde o estudante possa ter meios de desenvolver actividades culturais e artísticas do seu agrado e que vão ao encontro da sua realização pessoal. Os grupos culturais, desportivos, núcleos de estudantes e comissões de residentes têm de ser apoiados e financiados sob princípios de gestão autónoma de forma a colmatar as suas necessidades e projectos.

A AAUTAD deve acompanhar os estudantes na sua passagem pelo ensino superior, quer quando a questão são as propinas, quer protestando junto com o aluno sobre o resultado de um exame. É essa a AAUTAD que queremos e é essa a AAUTAD que propomos.


Se és estudante da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) VOTA M!
lista M

4 comentários:

Francisco S. disse...

Subscrevo grande parte do manifesto, principalmente a última parte, que refere a importância da inserção cultural ao invés do ultra consumismo actual que a UTAD e a maioria das universidades portuguesas promove.
Mas para isso ser viável era necessário criar universidades mais elitistas, no bom sentido da palavra, ou seja a universidade não poderia ser para todos. Se isso não acontecer no futuro, as universidades não irão passar daquilo que hoje propriamente já o são: escolas pós-secundárias com um grande símbolo e uma burocracia permanente. Era exigível fazer uma mudança assim, ou seja, o emagrecimento do universo universitário, ao mesmo tempo que cursos teriam que ser fechados e professores postos na rua. Uma espécie de lay off educativo, com a duração de alguns anos. Os anos necessários para dar inicio a uma verdadeira reforma educativa que dê inicio no 1ºCiclo e só acabe, ai sim nas Universidades. Hoje em dia as pessoas (estudantes, pais, professores, governo, sociedade em geral) continuam a pensar que um aluno chegando à universidade tem ao seu dispor uma varinha mágica e com ela acaba o curso sem saber ler nem escrever (o que de facto é um facto - para isso a varinha ainda dá) e uns anos depois está a trabalhar na máquina dos seus próprios sonhos. Mas não, provavelmente está atrás de um balcão qualquer, ou com um telefone na mão a trabalhar para um big brother comercial.
É a dura realidade.
Até porque só através desta reforma educativa seria possível ir de encontro à proposta reivindicada por esta e outras associações de estudantes, o ensino universitário gratuito, livre de propinas.
No actual esta do país só vejo possível essa solução com um ensino universitário mais qualitativo e menos quantitativo, ou seja, com menos alunos, menos professores, mas maior qualidade formativa.
Só assim o ensino universitário poderia ser gratuito pois a necessidade da sociedade seria nutrida do ponto de vista académico.

Meireles Ricardo disse...

Se fosse como dizes, estarias neste momento a dar aulas ou atrás de um balcão?

Francisco S. disse...

Pergunta a um professor que não seja de música e que não tenha sido colocado, é mais legítimo.
Até porque tenho a noção de que dar aulas no 1ºCiclo (Aec's) é uma situação precária.

Lebre disse...

O ensino de Medicina em Portugal é elitista sem razão aparente e não deixa de ser pago igual aos outros.
Eu penso que a razão do desemprego em licenciados deve-se ao facto da politica de vagas nos cursos ser mal feita. Devia abrir vagas para cursos em que é necessário profissionais como o caso da Medicina e fechar em certos cursos como de Professores. Por exemplo... o país tem excesso de Psicólogos mas a UTAD à 2/3 anos abriu o curso porque é barato e colmata o excessivo custo de outros cursos que por terem menos de 10 alunos por ano não é apoiado pelo estado, o que não quer dizer que não seja necessário profissionais nesses cursos. É necessário muitos estudantes mas não em cursos que há sobrelotação. O país "só" progride se a população estudar.