12 de janeiro de 2009

Sons-dos-Montes (Retrospectiva 2008)

É sempre bacoco fazer antologias das melhores coisas do ano, porque eu amanhã posso-me divorciar ou posso simplesmente ouvir um grande álbum de 2008 em 2088, ainda assim isto foi certamente um trago da minha playlist do ano findado:

Beardfish - Sleeping in Traffic, Pt. 2


Depois do sensacional álbum de ano passado, estes suecos voltam a carga com a segunda parte do mesmo e não se cansam de definir em que consiste o "art rock".


Dead Combo - Lusitânia Playboys


A saga dos 2 playboys continua e a filmaria habitual esta lá toda: westerns corais, cubanices à marc ribot e música popular portuguesa com trejeitos revolucionários.

Simon Says - Tardigrade

A Suécia continua a espalhar o perfume do rock progressivo dos lendários anos 70. Camel e Genesis são pontos de partida que se misturam com os hammonds, mellotrons, minimoogs e outras fantasias destes jovens.

TV on the Radio - Dear Science

São daquelas bandas que aparecem em todo o lado, mas pouca gente as conhece. O álbum está vocalmente (david bowie aqui e ali) muito bem desenhado e o instrumental acompanha toda a odisseia. Pop jeitosa,rock,hip ou trip hop e electronica qb sempre com uma atitude, vá lá... progressiva.


Portishead - Third


Passados longos anos e muitas depressões à pala de Dummy, eles voltam e de facto andaram a ouvir Sunn O))), pois registam aqui o álbum mais negro da sua discog., continuando a emitir melancolia mas agora num refúgio mais perto de Aphex Twin ou do próprio Thom Yorke.


A Naifa - Uma Inocente Inclinação Para o Mal


É um inclinação que no fundo todos temos. Estes visionários continuam a imprimir uma toada 80's new wave que alia que nem ginjas com a depressão do nosso fado.

dEUS - Vantage

Os dEUSES da pop contemporânea, continuam elaborar canções pop au point e agora dão-lhe aquele toque electro que aumenta ainda mais a sensibilidade construtiva dos belgas.

Adriana Calcanhotto - Maré

Agora que já não tem paciência para putos e deixou a Partimpim, apeteceu-lhe navegar em alto mar. Em boa hora, porque a maré estava ideal, para a bossanova de cariz pop. É aquele álbum boa onda.


António Pinho Vargas - Solo


Regresso do mestre do jazz pt, agora com novas reinterpretações dos seus temas célebres em piano solo.

Bohren & der Club of Gore - Dolores

Provavelmente o álbum mais lento, arrastado e pesado de 2008. Ao mesmo tempo consegue transmitir a melodia necessária sempre presente no fender rhodes e a espaços no saxofone bem temperadinho. Dark ambient goes jazzy goes doom. Este quarteto é demais.

Camané - Sempre de Mim

Silêncio que se vai cantar o fado. O regresso do homem que canta o fado do país e do mundo, como diz o sr. das notícias da sic.


Cryptopsy - The Unspoken King


Desde o lendário None So Vile que não faziam um portento desta magnitude. Esta máquina trituradora dispara para todos os lados aquele death metal, que tem tanto de técnico como de brutal, piscando o olho à melodia só quando lhe convém. E assim sendo o rei escusa de falar.


Cynic - Traced In Air


Regresso brilhante dos igualmentes reis, mas estes do domínio mais prog da extremidade do metal. Tornaram-se banda de culto com apenas um álbum, explicam agora sem ter que berrar tanto e mais limpinhos do que nunca porque é que são compositores de calibre elevado. Lançaram bases para o tech metal nos idos anos 90 e agora ensaiam aquilo que poderá ser um space progressive metal cheio de áurea.

Frost - Experiments In Mass Appeal

Mega-projecto de rock que tem tanto de progressivo como de easy-listening. Era este o tipo de rock que se deveria chamar fm e passar na rádio?


High Five Quintet - Five For Fun


Álbum jazz do ano. Sob o selo blue note, estes italianos debitam um groove bop portentoso, onde o seu trompetista atira os foguetes e apanha as canas.

Mike Patton - A Perfect Place

O melhor do mundo compõe aqui uma banda sonora extremamente perfeita, como diz o filme. Esta lá tudo: os devaneios, as frequencias fm e am, as alucinações, a orquestra, as perseguições, a ópera, aquele baixo picadinho com a bateria. É o filme da banda sonora e não a banda sonora do filme.


Mothlite - The Flax of Reverie


Uma revelação que encandeia a vista como os máximos néon de um Bmw. É o terror meus amigos, sob forma de psicadelismo à la Ulver, com um ambient de negritude exasperante. É como aquele abutre que espera por nós, com os olhos fitados no fim. A ver se o próximo álbum nos mata.

No Man - Schoolyard Ghosts

Steven Wilson e o seu parceiro do crime deste projecto do homem desconhecido lançam-nos belas baladas para ouvir à lareira a beber cacau quente enquanto a neve pinta a paisagem la fora. E já caiu três vezes este a Inverno. Álbum, embora num tom assumidamente mais pop, muito mais inspirado que o homónimo do Steven, também saído em 2008.


Star of Ash - The Thread


Num ano em que os Ulver não editaram, é sempre bom ouvir a voz do Garm, ainda para mais quando acompanha uma senhora bem erudita na concepção musical. Arranjos pós-românticos e uma voz de serpente com veneno que só algumas mulheres conseguem ter, envolta de uma base electrónica bem sedutora.

Van Der Graaf Generator - Trisector

Os autores de pérolas da música clássica progressiva como Pawn hearts ou Godbluff, não fazem bluff nenhum e transportam-nos para aquela época dos anos 70 que todos os amantes da música gostavam de viver. Álbum composto ora por malhas rock bem psicadélicas, ora por momentos de acalmia agonizados pela voz inesquecível de Hammill e por órgãos que a igreja podia usar nas missas que vai pouca gente.

2 comentários:

lettersbasedlifeform disse...

Chico, posts destes fazem blogs irem para os "favoritos" sem passarem pela casa da partida...
Parabéns!
Hugs

Francisco S. disse...

Expresso aqui a minha tristeza pelo prematuro desaparecimento de João Aguardela, baixista e mentor dos A Naifa, banda que é referida aqui neste post, através do excelente álbum do ano passado. Decididamente uma das bandas mais criativas dos últimos anos na cena musical portuguesa.

http://www.myspace.com/anaifa