23 de abril de 2008

A minha fala

Hoje li num jornal, não me recorda agora qual, Saramago a dizer que a sua língua, minha também, é a mais bela. «Este país é o exemplo de algumas coisas negativas, mas é o meu país. Descobri, há pouco tempo, que a língua mais bonita do mundo é o português. Talvez por viver no estrangeiro, comecei a saborear as palavras e a reconhecer a sua beleza melódica».
Sabe bem ler estas palavras, para mim. Estou a ver-me sentado a beira mar a contemplar os oceanos e a pensar no vazio, no além.
Do outro lado do oceano está também a minha fala. Que achado, aquele país do futebol a levar a minha fala para os quatro cantos do mundo. Ainda bem!
Se bem que haja muitas vozes discordantes no velho continente. Os velhos do Restelo. Nesta coisa do "Acordo Ortográfico ", na promoção da língua, parece-me que o Brasil está a tomar a iniciativa. Ora bem se nós aqui ficamos a dormir, e embalados com os sons da Inglaterra, pois muito bem deixem-nos "falar".

Posso ser pobre em matéria, mas a minha fala ninguém ma tira. A minha fala em Portugal na Irlanda no Brasil...

2 comentários:

Francisco S. disse...

O "Acordo Ortográfico" demonstra bem a apatia que paira nos nossos ares Meireles. Quase toda a gente, com bom senso ou não, discorda desta remodelação frustrada da nossa língua, mas a verdade é que já existem gramáticas "atuais". E agora eu pergunto: isto não seria uma questão que teria que ir a referendo? Afinal quem manda na língua? Não são os falantes da própria? A questão é complexa. Quem decidiu isto? Foi a pressão brasileira? Foi a análise dos linguistas? Foi o universo da Internet? Cá para mim foi a apatia dos portugueses. Isto só vai servir para que os portugueses falem e escrevam cada vez pior. Afinal de contas o português do Brasil é bastante foleiro.

Meireles Ricardo disse...

Não desgosto de uma boa música brasileira, com aquele sotaque adocicado.
O acordo é apenas ortográfico e penso que vira facilitar sobretudo o acesso a conteúdos em português na Web. Em vez de apontar o dedo ao Brasil, deveríamos tentar aproximar-nos.
O intercâmbio cultural parece, agora, ter apenas um sentido Brasil->Portugal, invertendo-se uma tendência de séculos. O que fazer para equilibrar esta situação?