A Associação Académica da Universidade de Aveiro considera "estranhas" as críticas da Ordem dos Médicos e da Associação Nacional de Estudantes de Medicina ao novo curso de Medicina da Universidade de Aveiro.
AAUA acusa Ordem dos Médicos de privilegiar o prestígio da classe que representa em detrimento das necessidades reais do país. Reagindo às declarações do bastonário da OM, Pedro Nunes, que prevê, para daqui a alguns anos, a existência de médicos no desemprego, a AAUA, através do presidente Negesse Pina, "lembra que não há médicos suficientes em Portugal enquanto continuarem a existir cidadãos sem médico de família ou enquanto existirem Centros de Saúde fechados devido a férias e baixas dos clínicos como é noticiado no Verão e épocas festivas".
De igual modo, acrescenta a AAUA, "acreditamos que não há médicos suficientes em Portugal enquanto continuarem a existir pessoas a percorrer centenas de quilómetros para poderem ser vistas por um médico ou enquanto o país continuar a depender de médicos estrangeiros para suprir as suas necessidades".
A AAUA lamenta esta posição da OM, que transpira corporativismo. "O que está em causa é o receio da perda de prestígio por parte de uma classe acostumada a uma certa veneração", acusa Negesse Pina. "O que é lamentável é que, para assegurar esse prestígio, a OM se apoie em argumentos que não têm correspondência real na vida dos cidadãos", afirma.
A AAUA considera ainda que "grande parte dos problemas estruturais inerentes ao Serviço Nacional de Saúde, tais como a distribuição deficiente de médicos no território, as listas de espera para consultas de especialidade e cirurgias ou as dificuldades no atendimento vivido pelos utentes nos hospitais nacionais não poderão ser solucionados sem o número necessário de clínicos à disposição deste serviço".
Por isso, e ao contrário da OM e da ANEM, a AAUA não considera a decisão de criar um curso de Medicina "uma asneira" e desafia o bastonário a "identificar um país onde existam médicos no desemprego".
in JN
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