11 de setembro de 2009

Festival de cinema do Douro

Está a decorrer na região do Douro a primeira edição do festival internacional de cinema, o "Douro film Harvest". De 10 a 13 de Setembro podem ser vistos os diversos filmes que estão a concurso, bem como filmes ligados ao universo vinícola, tributos e homenagem prestados a personalidades da história do cinema com um contributo importante para o desenvolvimento da Sétima Arte.


Para quem quiser participar no festival de cinema pode consultar o site em www.dourofilmharvest.com,
Este ano as vindimas começaram mais cedo, mas apesar disso espera-se uma boa colheita.

7 comentários:

Francisco S. disse...

Bom: - Um festival de cinema em Vila Real.
- A amálgama exótica de nacionalidades presentes na mostra.
- L'Aube du Monde, filme que mostra a sensibilidade iraquiana em tempos de guerra.
- O vinho Porto Ferreira Branco disponível no cocktail inaugural.
- Bilhetes a 3 euros o filme é luxo.

Mau: - O show off do interior em tempos de eleições (a Andie Macdowell não é assim tão gira).
- O facto de não monopolizarem o festival apenas em Vila Real.
- As legendas mal encaixadas esteticamente.
- A ausência de filmes nacionais.
- A fraca aderência do povo e da nobreza.

Meireles Ricardo disse...

O concelho de Vila Real está incorporado numa pequena parte na região demarcada do Douro. Para dizer que este festival é do Douro e para o Douro, e quem monopoliza são os capitalistas, donos das grandes quintas do Douro.
Para dizer também que a nobreza na Vila Real há muito virou as costas ao país e que por isso teve o seu pau virado ao contrário. Pelo simples facto de ter um nome real não que dizer que o seja.
Dona Antónia Ferreira era do povo

Francisco S. disse...

Penso que ficaste ligeiramente chateado pelo facto de o festival não ter chegado a Murça.

Meireles Ricardo disse...

De todo, até porque me considero um privilegiado. Tive a oportunidade de assistir ao festival e de um modo geral fiquei satisfeito com o que vi.
O facto de focar o teu apontamento referente à localização do festival foi porque discordei dele.

Mesmo que o festival se realizasse em Miranda Vinhais ou Bragança ficaria de certa forma satisfeito. Até porque quem sai a ganhar com este evento é a região e por inerência as cidades que o acolhem.

Francisco S. disse...

Esta nossa diferença não é de agora. Acredita que por mim até podiam existir festivais de hipismo no meio do Mediterrâneo, mas não é possível porque os cavalos não sabem nadar. Não digo que não aprendam um dia...

O que quero dizer com esta minha visão centralista dos eventos culturais, é que toda a estrutura cultural tem que nascer e projectar-se de dentro para fora. Festivais como o Douro Jazz ou o Douro Film Harvest são fantásticas iniciativas, mas mal construídas de raiz.

Em relação a este o último se tivesse sido em Santa Marta não me chateava. Em Murça também não. Sendim, Vinhais ou até mesmo Podence eram vias públicas plausíveis. Agora querer fazer iniciativas embrionárias em vários locais é utópico. Não podemos agora usar o pretexto do Douro para dar de comer a várias populações ao mesmo tempo. A cultura não é comida enlatada. Se não depois, e atestando o fenómeno do Douro Film Harvest, temos 10 pessoas a ver um filme em Vila Real, 6 em Lamego, 8 em Torre de Moncorvo ou 3 em Santa Marta de Penaguião. Se o problema é Vila Real já não ser genuinamente Douro, porque de facto a cidade não faz parte da região demarcada, então que fosse na Régua por exemplo. O festival de Cannes, de certo não nasceu em Cannes, Limoges ou Saint Jeaux de Luz ao mesmo tempo, apenas na cidade a que dá nome e foi um fenómeno que posteriormente ajudou a projectar a própria cidade com o auxílio 7ª Arte, do mesmo modo que o Fantasporto não se realiza simultaneamente no Porto, em Penafiel, Valongo e Gondomar. É marca registada dos portuenses. Paradoxalmente esta última ideia é até plausível, através da promoção de um determinado evento cultural noutras localidades. Agora na concepção de um qualquer festival digno desse nome está inerte a sua existência num ponto fixo, até por uma questão logística e natural, porque o próprio Ser Humano nasce apenas num local, num determinado dia, a uma hora qualquer. Isto tudo "por culpa" do Douro Film Harvest.

Já o festival de jazz , Douro Jazz, que está mesmo à porta das cidades e quiçá vilas ou aldeias envolvidas padece do mesmo problema. O Douro é pau para toda a colher e na minha inocência acho que a cultura tem que voltar a ser elitista para depois sim, ser popular e acessível, se não é o anarquismo sucessivo, todos os eventos são efémeros e passageiros. Espirros culturais porque funcionam como os dentes de leite, já com cáries defeituosas. Não podemos misturar Educação com Cultura em certos aspectos. A realização de eventos tem essa matriz. Do mesmo modo que não podemos criar a cultura obrigatória até ao 12º Ano. Os alunos do 12º Ano não têm culpa de estarem noutro nível do que os do 5º Ano. O Ser Humano aprende essencialmente por descoberta quando novo. Também não posso pedir a um velhote acamado para limpar o mato à volta da sua casa. O Douro Jazz tinha tudo a ganhar se tivesse apenas uma localidade como mostra jazzística permanente. E depois a sua índole programática continua a insistir na famigerada tradição portuguesa de anunciar 1000 concertos de 1000 grupos de 1000 países diferentes, quando o jazz português está num nível que nunca esteve, com grandes propostas auditivas a sair regularmente vindas de músicos que moram ao nosso lado e nós não sabemos. A título metafórico Guimarães Jazz é em Guimarães, e se eu sou apreciador de música não me custa perder 45 minutos de viagem para ver jazz a sério. Aqui brincamos ao jazzes, pois é inadmissível que um cartaz de um festival que poderia ser um portento esteja na praça pública apenas uma ou duas semanas antes da sua realização. Tiques do interior que em nada beneficia a nossa natural ruralidade.

Desculpem o testamento, mas a Bíblia também é grande,tal como Jesus.

Meireles Ricardo disse...

Penso que te referes a Saint-Jean-de-Luz. E para quem desconheça Saint-Jean-de-Luz Limoges e Cannes, são três comunas Francesas de três regiões diferentes que distam centenas de quilómetros entre si.

Francisco S. disse...

É mesmo isso, cidade do país basco francês. Obrigado pela correcção. ;)