10 de janeiro de 2008
Sons-dos-Montes
Antes de mais uma nota em relação ao atraso desta rubrica: lamentável. Visto esta ser a mostragem de Dezembro, posso dizer que me atrasei um ano a publicar o meu álbum do mês.
Ainda assim nem tudo são más notícias. Por alturas de frequências e alheado da sociedade, porque sim eu não estudo nas férias, resolvi trazer à baila aquele que por ventura será o "meu" álbum de 2007. Chamam-se Ulver, são noruegueses e começaram a carreira a tocar Black Metal. Actualmente? Acho que são dos projectos mais imaginativos da actualidade ao fundirem música ambiental de cariz obscuro e depressivo com ritmos experimentais apocalípticos. O álbum chama-se Shadows of the Sun e propõe uma viagem bem antagónica para quem o ouvir. Porquê? Minimalismo ao mais alto nível. Se tudo é triste, horrível e vivemos no medo porquê chorar quando podemos fazer construções sonoras? Deve ser isto que os Ulver questionaram quando avançaram para a composição desta obra. Para os mais sofredores chequem também os álbuns anteriores como o bem mais iluminado Perdition City ou o mais maquinal e desumano Blood Inside.
Se todas as paisagens fossem pintadas pelos Ulver o mundo era tão triste, mas tão chocante que até arrepiava...mas afinal já não o é?
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6 comentários:
Tentadora a proposta...De salientar a nacionalidade dos artistas. Os países nórdicos dão muitas cartas na cena musical dos dias de hoje. E o mais incrível é a polivalência dos mesmos, eles estão presentes em vários estilos com uma qualidade e criatividade invejável!!!
Para breve, escreverei um post onde possa explanar esta ideia e outras subjacentes a esta...(como não estou muito por dentro do black metal e seus derivados, esta ideia sugerida por mim pode não fazer muito sentido, quer para o Francisco quer para os leitores, já que é possivel que a relação entre a qualidade musical e a nacionalidade destes artistas seja, dentro do estilo em questão, estocástica (o caso de os Ulver serem os únicos músicos de black metal de países nórdicos com relevância pode, se verdadeiro, ser um exemplo disso). No entanto, em outros estilos existem conexões que não são obra do acaso...)
Sem dúvida António, os nórdicos estão em todas, nomeadamente na música. Ao contrário dos americanos, têm uma cultura promocional mais avant-garde e por isso nos surpreendem.
Em relação à dicotomia que referiste entre qualidade musical/nacionalidade de quem a prática concordo contigo. Claro que não é uma coisa fundamental na música, mas na progressão da mesma é essencial, se não não existia o fado, o metal, o tango, o techno, entre outros, nomeadamente aparecimento de bandas como Buraka Som Sistema, que por mais criatividade que tenham, não me convencem (embora sou suspeito porque não gosto de kuduro).
Em relação aos Ulver, o facto António é que eles actualmente já não músicos do black metal, porque já não o tocam como faziam na década de 90, do século passado.
Mas foi ao enverdarem por um black metal já inovador para a altura sempre ficaram associados ao género, ao fundirem black metal mais tradicional e extremo com efeverescências folk norueguesas . Para teres ideia, actualmente nem concertos dão, pois funcionam apenas como banda de estúdio sendo o seu vocalista um grande crânio musical, no sentido da criação principalmente. O facto é que a electrónica lhes fez virar de página, no rumo musical que os Ulver eventualmente teriam traçado no inicio da sua carreira.
A ideia de eles terem enveredado pela electrónica passou-me pela cabeça mas como não estava explícito no texto resolvi abdicar dessa ilação...Porque a ideia base apartir da qual construí o comentário foi exactamente essa, a electrónica. Não me querendo alargar muito sobre este assunto (porque ele virá mais desenvolvido em post e ainda tenho que escrever um comentário no teu post de hoje Francisco!!!) o conceito de música nesses países é um pouco diferente daquele que existe em Portugal assim como tudo o que gira em torno disso. Países como Alemanha, Àustria, Suíça e outros podem ser também ser incluídos no mesmo saco...Desta forma a localização geográfica dos artistas pode não ter um impacto fundamental na qualidade da sua obra (se assim fosse António Variações que nasceu em Lugar de Pilar, uma pequena aldeia da freguesia de Fiscal no município de Amares estava condenado ao fracasso por isso ainda bem que assim não é!!) mas criam um conjunto de factores que activam, tal como referiste, essa "progressão"... (gostei da palavra... aplica-se muito bem na esfera musical!!!Vai servir como mote para o post!)Ps: obrigado "Chico" pelo esclarecimento stay in peace and remember: the only good system is the sound system!!!
Como podem constactar, a internet veio ajudar muito ás barreiras geograficas, nomeadamente na musica.
Dificilmente conheceriamos esta banda se não tivessemos internet...
Tens toda a razão naquilo que afirmas Lebre. A internet trouxe uma difusão exponencial no panorama musical (quer a nível de consumidores como produtores em sentido lato). No entanto, num exame mais minucioso verificas que existe um padrão geográfico que subsiste. De uma forma pragmática: é verdade que com a internet existem mais pessoas a ouvir mais música de mais locais, como também existem mais pessoas a produzir música. Mas observas também que em determinados locais como a Àustria e países nórdicos a proliferação de artistas com qualidade (isto na minha óptica) ou que são referência na cena musical (numa óptica global) é muito maior do que em Portugal por exemplo. Logo, esse padrão é consubstanciado em algo mais para além da internet, nomeadamente, a cultura, grau de desenvolvimento, capacidade de influência de editoras e produtores (sentido estrito) entre outros. Porque se fosse só a internet a justificar isso, o número de artistas de referência seria distribuído equitativamente entre os países com acesso a internet (ocorrendo desfasamentos desse equilíbrio no caso de uma maior ou menor qualidade da internet. Eu sei que o nosso serviço de internet em Portugal não é dos melhores mas não acredito que isso, por si só, seja capaz de explicar o "lag" musical entre Portugal e a Àustria por exemplo.)
Nota ao comentário antecedente:Caro Lebre, no meu comentário anterior não quis de forma alguma indiciar que tu atribuías à internet o papel fundamental e exclusivo na relação por nós aqui tratada. Só usei o teu comentário para poder ventilar o tema de uma forma mais concreta e objectiva, já que no futuro pretendo lançar um post sobre ele e assim garantir uma discussão mais acesa(pois acredito que vão pensar sobre isso) proporcionando a todos um maior enriquecimento sobre a matéria em questão.Fica bem. Cumprimentos
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