A noite mais curta do ano passei-a no presídio de Carandiru, em São Paulo, na companhia de Zico (Wagner Moura) e Deusdete (Caio Blat), amigos de infância que se reencontram na prisão; Antonio Carlos (Floriano Peixoto) e Claudiomiro (Ricardo Blat), parceiros no crime separados por uma mulher; Peixeira (Milhem Cortaz), assassino convertido a evangélico; Ezequiel (Lázaro Ramos), ex-surfista viciado em crack; o malandro Majestade (Ailton Graça), que divide o seu tempo entre mulheres e assaltos; seu Pires (Antonio Grassi), director da prisão; o sábio seu Chico (Milton Gonçalves); Nego Preto (Ivan de Almeida), líder dos presos; o violador Gilson (Enrique Diaz); Sem Chance (Gero Camilo), ajudante do médico; e Lady Di (Rodrigo Santoro), a sua “companheira”.
Em 1989, um médico (Luiz Carlos Vasconcelos) vai realizar um trabalho de prevenção de SIDA à maior casa de detenção da América Latina, com lotação para 4.000 reclusos e com cerca de 7.500 na altura dos acontecimentos relatados. A sua medicina, reduzida a pouco mais que um estetoscópio, vai alargar-se à partilha das histórias dos prisioneiros, encarcerados pelas mais diversas razões. E é através desta aproximação ao seu quotidiano e à sua tragédia pessoal que estes diversos demónios vão perdendo os seus cornos e rabos.
As instalações são precárias e as condições sanitárias gravíssimas, o ambiente é de uma iminência explosiva no meio de alianças feitas para assegurarem a sobrevivência. Foi uma noite cheia de droga, doenças, tensão e mortes, fora e dentro da prisão. O amor, muito pouco, andava por lá também. A esperança, nem por isso.
Durante o seu cancro, Hector Babenco, o realizador, sugeriu ao seu médico, Drauzio Varella, registar as fantásticas histórias que ele lhe trazia da cadeia. Drauzio Varella escreveu o livro “Estação Carandiru” e, daí ao filme “Carandiru” (2003), foi um passo.
Filmado em parte nas próprias instalações da prisão, já após a transferência dos últimos presos para outras unidades, e antes da sua implosão em 2002, “Carandiru” relata, na primeira pessoa, os acontecimentos do período que antecedeu o terrível massacre ocorrido nessa instituição, a 02 de Outubro de 1992, onde uma altercação entre presos motivou a intervenção da polícia de choque, que provocou 111 mortos entre os detidos.
Desta noite, fica a percepção de que o ser humano perdeu de tal maneira o respeito pelo seu semelhante, que a única forma de o controlar é através de regras rígidas, códigos de honra e poderes definidos. E que a sociedade, na prisão a uma escala mais reduzida, perdeu de tal forma a esperança no seu próprio futuro, que a única forma que encontra de tratar as suas “doenças” é através da eliminação dos seus sintomas. As causas, essas, continuam lá. Aqui.
Em 1989, um médico (Luiz Carlos Vasconcelos) vai realizar um trabalho de prevenção de SIDA à maior casa de detenção da América Latina, com lotação para 4.000 reclusos e com cerca de 7.500 na altura dos acontecimentos relatados. A sua medicina, reduzida a pouco mais que um estetoscópio, vai alargar-se à partilha das histórias dos prisioneiros, encarcerados pelas mais diversas razões. E é através desta aproximação ao seu quotidiano e à sua tragédia pessoal que estes diversos demónios vão perdendo os seus cornos e rabos.
As instalações são precárias e as condições sanitárias gravíssimas, o ambiente é de uma iminência explosiva no meio de alianças feitas para assegurarem a sobrevivência. Foi uma noite cheia de droga, doenças, tensão e mortes, fora e dentro da prisão. O amor, muito pouco, andava por lá também. A esperança, nem por isso.
Durante o seu cancro, Hector Babenco, o realizador, sugeriu ao seu médico, Drauzio Varella, registar as fantásticas histórias que ele lhe trazia da cadeia. Drauzio Varella escreveu o livro “Estação Carandiru” e, daí ao filme “Carandiru” (2003), foi um passo.
Filmado em parte nas próprias instalações da prisão, já após a transferência dos últimos presos para outras unidades, e antes da sua implosão em 2002, “Carandiru” relata, na primeira pessoa, os acontecimentos do período que antecedeu o terrível massacre ocorrido nessa instituição, a 02 de Outubro de 1992, onde uma altercação entre presos motivou a intervenção da polícia de choque, que provocou 111 mortos entre os detidos.
Desta noite, fica a percepção de que o ser humano perdeu de tal maneira o respeito pelo seu semelhante, que a única forma de o controlar é através de regras rígidas, códigos de honra e poderes definidos. E que a sociedade, na prisão a uma escala mais reduzida, perdeu de tal forma a esperança no seu próprio futuro, que a única forma que encontra de tratar as suas “doenças” é através da eliminação dos seus sintomas. As causas, essas, continuam lá. Aqui.
Uma proposta brasileira para este mês
Só não percebo porque em todos os filmes brasileiros é retratado a droga, prisão e crime...
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