Esta é a segunda introdução ao tema do Aborto, e vem por questão de dias...
Apesar de não haver nenhuma blogger a "expressa-se" no nosso espaço, nesta Questão (Aborto ou não) temos todo o dever de opinar sobre ELE.
E é com uma questão de números, onde estes parecem fazer toda a diferença, que começo a minha explanação.
Pelo movimento do "NÃO", circula uma confusão tremenda com números e diferenças, com tantos entendidos em números, porquê tanta confusão. O problema parece estar na lógica. Hum...
Que lógica é esta, que se a mulher abortar até às 10 semanas está tudo bem, ninguém tem nada com isso — mas, se aborta às 10 semanas e 1 dia, já é crime e deve ir para a prisão?!
Em questões de lógica atribuo bastante "confiança" ao Professor Fernando, um Homem com lógica.
E subscrevo o seu artigo sobre esta "dúvida". Ora veja-se: Se um aluno como eu tiver num exame uma nota de 9,4v esse aluno está reprovado, e a diferença entre passar e reprovar está na ordem das décimas (com 9,5v estaria aprovado), nada a fazer estaria reprovado no entanto com direito a uma última hipótese, Oral. Parece injusto... mas a Matemática não tem der ser justa, tem de ser exacta.
artigo do professor Fernando Gouveia
7 comentários:
A vida não é Matemática... nao nascemos, crescemos e morremos segundo a Matemática, ou estou errado?
»» Um dia, a mulher diz ao marido: Estou grávida; vamos ter uma criança. No dia seguinte resolvem que não querem ter o filho, e a mulher dirige-se a um abortista para que lhe retire um "tumor" do corpo. De um dia para o outro "aquilo" passou de criança a tumor... Então isto pode ser assim?»»
»» Vinte e cinco de trinta e um estudos epidemiológicos mundiais – estudos em mulheres de ascendência Africana, Asiática e Europeia – concluíram que mesmo um único aborto aumenta o risco de adquirir mais tarde cancro da mama.»»
Retiro o que disse, e ainda bem.
Afinal o blog tem pelo menos uma blogger a dizer o que pensa.
Ah e quanto à questão da matemática, ela existe porque nos é bastante útil. E as leis têm de ser precisas, ao contrário de quem as faz.
Marta, acho que quando dizes que “um único aborto aumenta o risco de adquirir mais tarde cancro da mama”, a meu ver, levantas uma falsa questão. O intuito do aborto é melhorar a condição dos casais que não querem ter um filho, naturalmente que quando um casal se dirige a uma clínica ( actualmente um qualquer espaço todo badalhoco ) sabem dos riscos que vão correr mas têm a liberdade de escolher esse risco. O risco das nossas escolhas esta constantemente presente, por exemplo se eu quero evitar as desagradaveis deslocações a pé, posso comprar um carro. Este é inquestionávelmente uma mais valia na nossa sociedade (e que aumenta em muito a nossa qualidade de vida) contudo posso ter um acidente e até morrer. Arrisco que a probabilidade é bem superior à do cancro da mama no aborto. Contudo não me parece sensato proibir o uso dos carros, se pensarmos um bocadinho mais, e por esta ordem de ideias, chegamos à conclusão que teriamos de proibir tudo!
A meu ver, toda esta problemática só tem sentido se com 10 semanas o "feto" for considerado um ser humano (tenho navegado em diferentes opinioes).
Partindo do principio que é verdade, o problema para mim resume-se ao conflito liberdade/morte.
O ser humano tem o direito à sua liberdade, contudo, o ser humano também tem direito à vida. E visto assim o Não parece levar a sua razão, já que a nossa liberdade não pode condicionar a liberdade dos outros.
Visto de outra forma podemos pensar que todos os seres humanos quando nascem devem ter igualdade de oportunidades. Ora, não me parece que um casal que não tem condições para ter um filho irá dar as mesmas oportunidades a este que outras crianças (e a pseudo-solução de organizações de apoio blablabla blablabla também toda a gente sabe que na prática não resulta).
O ponto de vista do Meireles e do “Professor Fernando” abriu-me os olhos para situações que desconhecia. Se existe a possibilidade de abortar se houver «seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, de forma incurável, de doença grave ou malformação congénita» e seguindo o raciocínio não percebo onde reside o problema do aborto... Uma criança com malformação congénita tem menos direito à vida do que uma criança sem essa malformação??
Cara Marta (não sei se também foi minha aluna... assim de repente lembro-me de uma Marta) e caro Lebre, o meu argumento não pretendia dizer que «a vida é Matemática»; pelo contrário: pretendia mostrar que o argumento a que eu chamei do N+1 é um argumento inválido, inventado pelos apoiantes do Não para enganar os ignorantes (leram o artigo todo que eu escrevi? é que está lá tudo muito bem explicadinho).
Já agora, Marta, uma mulher não diz «um dia» ao marido «Estou grávida; vamos ter uma criança» para no dia seguinte resolver abortar, nem aquilo «de um dia para o outro» «passou de criança a tumor» (primeiro porque não era criança, segundo porque não passou a ser tumor).
Uma mulher que resolve abortar, quando descobriu que estava grávida pensou «$#&%# estou grávida!» (se o disse ao marido ou não, não sei nem me interessa) e pensou quase imediatamente em abortar — pode é demorar dias a efectivamente decidir-se, ou a descobrir onde o pode fazer (estou a pensar no cenário anterior à despenalização).
Se há coisa que me choca é essa imagem de leviandade que põem nas decisões de uma mulher. Particularmente quando quem fala é também uma mulher (não há dúvida: a mentalidade patriarcal é milenar, tem as engrenagens oleadas, é eficiente).
Ora, se «Vinte e cinco de trinta e um estudos epidemiológicos mundiais – estudos em mulheres de ascendência Africana, Asiática e Europeia – concluíram que mesmo um único aborto aumenta o risco de adquirir mais tarde cancro da mama», não acha dificilmente alguma mulher recorre ao aborto por dá cá aquela palha?...
Já agora, o Sérgio percebeu bem.
A questão do referendo não era definir o início da vida humana (às 10 semanas não é vida humana, às 10 semanas e 1 dia já é...); isso nenhuma lei pode fazer. O objectivo era (só) definir se o aborto (nas condições expostas) é crime ou não.
A lei permitir o aborto a uma dada altura não quer dizer que, nesse momento, o feto não seja «vida humana» (escrevi sobre isso aqui).
Bem, mas felizmente a verdade é que (contra as minhas expectativas)o Sim ganhou. Esta minha resposta é, por isso, algo extemporânea (se bem que seja sempre boa altura para corrigir um erro); simplesmente passei por aqui seguindo um link e, para minha surpresa, deparo com alguns alunos meus.
Para começar devo felicitar o professor Fernando Gouveia pela participação neste blog esperando, assim, futuras participações.
Eu não fiz parte de nenhuma organização/manifestação do não, não sou de nenhum partido do sim nem do não mas tenho principal repudio pelo CDS/PP (claramente defensor do não), não sou baptizado ou crente, para mim a igreja sempre foi um entrave para o progresso. Na minha opinião, as várias organizações do não cavaram a sua própria sepultura, dando realce à igreja que andou a fazer comparações disparatadas. Não de identifico com nenhum movimento do não nem do sim e muitas vezes penso que os não estão errados, apesar da minha votação ter sido NÃO no referendo, por achar que a mulher devia ser apoiada para ter o filho desejado ou não (o que não vai ser feito), dando condições para os terem, desburocratizando a adopção e legalizando a adopção por parte dos homossexuais. Porque para mim, 10 semanas mais um dia menos um dia é crime. Nem tudo na vida é o que se deseja ou o que é planeado, a melhor emenda não é o aborto (assim penso).
Para finalizar só queria dizer ao professor que a Marta não foi nem é sua aluna mas é “quase” como se fosse.
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